terça-feira, 17 de maio de 2022

'POLICIAS ESTÃO SENDO CAÇADOS', DlZ MULHER DE MILITAR QUE TEM CASA OBSERVADA POR HOMENS USANDO TORNOZELEIRA ELETRÔNICA EM BELÉM

Uma onda de assassinatos e atentados contra agentes de segurança pública preocupa familiares dos agentes. Na manhã desta terça-feira (17), mais um policial militar foi assassinado no Pará.
Ameaçada, a mulher de um policial revelou ao g1 que tem a casa espionada por homens usando tornozeleira eletrônica, que "policiais vivem uma caçada" e que "a situação está insustentável".

"A gente não sabe mais o que fazer, a quem recorrer, porque o Estado está sendo omisso com toda essa situação", ela afirma.

A gestão da segurança pública do Estado se posicionou sobre a situação e disse que "nenhum policial em serviço da ativa ou reserva foi vitima de qualquer crime violento este ano" - confira nota ao final.

Segundo a esposa, que teve a identidade protegida pela reportagem, os policiais estão sofrendo uma "caçada".

"É um policial por dia morrendo, essa caçada aos guerreiros está aí para todo mundo ver, e ninguém se manifesta, ninguém toma uma atitude "

"Para nós, família, fica difícil, porque quando morre um policial, morre um pedaço da gente, porque ele se coloca no lugar da família. Para o estado quando o policial morre, acabou ali, mas é um pai, um irmão, filho, um amigo, que se vai. A dor fica para a família e o suporte após o enterro não existe".

A mulher diz que no momento em que um agente é assassinado, o Estado fornece uma equipe de apoio psicológico às famílias, mas depois que o corpo é enterrado, a família fica "desamparada".

"Depois que morre não tem amparo, para nos proteger, cuidar, e não sabemos a quem pedir ajuda. Nós estamos à mercê dessa situação. A família fica por conta própria".
Na última segunda-feira (16), foi enterrado o corpo de um sargento. O enterro dele foi marcado pela comoção geral e teve a presença de outros militares, prestando homenagens.

A vítima, assassinada em Marituba, na região metropolitana, foi alvo de mais de 80 tiros, sendo atingida por ao menos 26. O caixão teve de ser fechado para as despedidas.

Ameaças
A esposa de policial revela que, há cerca de vinte dias, foi avisada por vizinhos que a casa estava sendo vigiada por homens que chegam de moto, usando tornozeleiras eletrônicas.

"Eram dois homens, um em cada moto, com tornozeleira. Eles pararam na frente de casa, um desceu, eles conversaram, e esse que desceu foi até a porta de casa olhar para dentro. O vizinho desconfiou e ficou observando, depois veio nos relatar. Não é a primeira vez, isso já aconteceu várias vezes, e a gente pede apoio, até que as viaturas começam a passar. Mas isso é constante".

Não é raro, segundo a parente de militar, que famílias precisem trocar de cidade em busca de mais segurança. "Conheço amigas que abandonam seus lares, vão para o interior, porque entraram na casa ou tentaram entrar para matar".

"Com esses últimos acontecimentos, ando bem apavorada, eu não tinha esse medo, mas hoje eu tenho. A única certeza que eu tenho é quando meu marido sai para trabalhar, mas voltar não é uma certeza".

Às autoridades, a esposa pede que os policiais tenham condições de trabalho e que possam também se proteger da criminalidade.

"A gente pede porque não vê esse apoio, então a gente que realmente olhem para eles, porque são merecedores, são pais e mães de família, não têm mais vida social, não podem estar em um bar, em um balneário, até mesmo na frente de casa, com a missão de proteger a sociedade. Mas eles estão morrendo", afirma.

Onda de violência
A região metropolitana de Belém, desde sexta-feira (13), registra uma série de atentados e assassinatos contra agentes de segurança pública.

Na sexta, um cabo da Aeronáutica foi morto após reagir a assalto dentro de um ônibus que faz a linha Marituba/Ver O Peso, no bairro da Sacramenta.

Na mesma sexta, também foram registrados um atentado a um policial militar no Tapanã, em Belém, e a uma policial penal no Conjunto 40 horas, em Ananindeua.

Já no domingo (15), duas pessoas da mesma família morreram em um duplo homicídio no residencial Viver Melhor, em Marituba.

As vítimas eram um policial militar da reserva, Raimundo Nonato Menezes Pereira, de 55 anos, e o sobrinho dele, Leandro de Jesus Menezes, de 17 anos. A arma do policial assassinado não foi encontrada no local do crime.

Em Ananindeua, um outro agente de segurança morto. A vítima atuava como agente penal e foi baleada na cabeça no domingo (15), no Conjunto Verdejante I, no bairro de Águas Lindas.

A série de crimes ocorre em meio à 'Operação Impacto' da Segup para coibir a violência.

O que diz a Segup?

A Segup, responsável pela gestão da segurança pública no Pará, emitiu a seguinte nota:

"A Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social (Segup) informa que desde o início da atual gestão, várias ações já foram realizadas para garantir mais proteção aos agentes de segurança pública, entre elas estão: construção de conjuntos habitacionais voltados aos agentes do Estado com linha de crédito especial para o financiamento, implantação do SOS PM para pedido urgente de apoio em caso de risco ou ameaça , possibilidade de acautelamento de armamento para servidores da reserva/aposentados e também ampliação dos cursos de autodefesa voltados para os policiais. A Segup informa ainda que nenhum policial em serviço da ativa ou reserva, foi vitima de qualquer crime violento em 2022. Ressaltamos que com relação as últimas ocorrências, todas as medidas urgentes e necessárias estão sendo adotadas por meio do trabalho investigativo e de inteligência, para elucidar os crimes o mais rápido possível, prender os envolvidos, além de garantir a proteção dos agentes de segurança pública."

Fonte:G1 Pará

📷G1 Pará

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